quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Capitulo 10 - Uma Boa Noticia


-- (Ana) --

Chegamos ao quarto, observei a Ines lançar-se para cima da sua cama, e eu sentei-me na minha.

- Desculpa Ines, a sério... 

- Ei sua tonta, ja passou, ja disse que esta tudo bem.

- Mas eu ainda estou a sentir a culpa, e por mais que digam que esta tudo bem eu sinto que nao. Eu ja gosto demasiado de ti para perder a nossa amizade assim, de qualquer maneira...

- Annie, és a minha unica amiga aqui, a unica que me atura, pelos menos ate agora. - Disse lançando-me a ligua de fora fazendo uma careta animada. - E com o tempo vais-te aperceber que sou como tu, eu entraria na brincadeira tal como fizeste, sei perfeitamente que nao o fizeste com o preposito de ferir ninguém e como te disse admiro muito a tua amizade com o Louis, por isso se alguém se esta a sentir culpada, acredita, sou eu! Mas... vamos mudar logo de assunto, que temos coisas bem mais interessantes para falar... - Começou a esfregar as maos fazndo um enorme sorriso aparecendo nos seus labios. - Com que entao, tu e o Americano?!?!

- Han?! Quem? - Fiz-me de desentendida, provavelmente corando um pouco.

- Sabes muito bem do que falo... - Sorriu-me. - Ele ficou super procupado contigo, nao tens a noçao.

- Oh, sao exageros da tua cabeça.

- Ai nao sao nao, eu bem vi os olhares, e depois a maneira como foi atras de ti...

- Es mesmo tonta... Queres que comece a falar de ti e do Lou?

- Nao vais chegar a começar porque nao ha nada para dizeres!

- Ai nao? Queres ter uma aposta? Conheço o Louis ha anos, e ele nunca me falou daquela maneira, defendeu-te daquela maneira, e ainda superou o medo do sangue por ti, ... Acho que isso significa algo.

- Sim, significa que estas com fome. Ja viste o montao de disparates que conseguiste meter numa so frase?! Vamos comer que ja esta na hora! - Disse ela começando-se a levantar.

- Agora foge ao assunto... Ines... - Aproximei-me dela.

- Ana, tu nao estavas la depois do Louis te ter gritado, eu estava, eu vi como ele ficou...

- Ele ficou assim porque é meu amigo. Mas estou a falar muito a sério, Ines - olhei-a com seriedade - Eu nunca vi o Louis agir assim com ninguem

Vi que a Inês ficou sem palavras e hesitante. Eu estava a ser totalmente honesta, o Louis e ela tinham uma ligação recente mas forte que era completamente visível aos meus olhos. Na minha opinião, eles ficavam um amor juntos.

 - Estás a exagerar. Vamos é comer antes que delires de todo

Revirei os olhos mas segui-a ate ao refeitório.

O jantar era peixe cozido o que nao me agradou muito - nunca gostei do prato -, mas como estava com fome lá consegui comer. Desta vez eu e a Inês jantamos sozinhas, visto que o Josh e o Lou estavam super animados a falar com um grupo de rapazes. Contudo, vi que o Louis lançava olhares ocasionais à Inês, que os retríbua timidamente

- E depois dizes que estou a delirar - comentei baixinho

- Hm? - perguntou ela, olhando para mim

- Nada, nada - respondi prontamente, comendo uma garfada de peixe e olhando descontraidamente para a mesa dos rapazes;
reparei que o Josh estava a olhar para mim e engasguei-me ligeiramente. Ele riu-se ligeiramente e eu fiquei corada mas sorri-lhe. Ele sorriu de volta e juro que, por um segundo, me senti nas nuvens

- Vamos voltar?

Olhei para a Inês.

- Para o quarto, mulher - Ela riu-se - Vamos? Estou um bocado cansada

- Claro, claro - acabei o meu peixe e peguei na maçã do meu tabuleiro; levantámo-nos e antes de sairmos acenamos aos rapazes, que nos acenaram de volta.

Chegamos ao quarto exaustas. Cada uma vestiu o seu pijama e meteu-se na sua cama, nao tardando a adormecer.

-- (Ines) -- 

Acordei com o som do despertador, coloquei a mao do lado de fora da cama para alcança-lo e senti uma pequena dormencia no mesmo. Sentia-me cansada, provavelmente do nervosismo do dia anterior, tinha-me deixado exausta.
Levantei-me lentamente quando me espento ao ver a cama da Ana vazia, e ja toda arrumadinha. Comecei a ficar preocupada quando a vejo sair da casa de banho muito energetica. - Larguei um suspiro de alivio.

- Wuouu... Onde vais com tanta pressa? - Esbogalhei os olhos, vendo-a ja vestida e prontissima a ir para as aulas. - Isso é tudo vontade de ir trabalhar?

- Achas? Nada disso. Mas saeem agora de manha os resultados para o teatro, e eu quero ser das primeiras a ver. Nem dormi a pensar nisso.

- Aich... Os resultados, ja nem me lembrava, mas espera entao, que desço contigo.

- Ok, tens 5 minutos. - Dizia ela irrequietissima, numa pilha de anciedade.

- 5 nao chega para mim, sabes bem! - Resmunguei na brincadeira pegando na farda carregando-a para a casa de banho.

- Ines eu nao aguento mais... - Gritava-me ela do quarto. - Ainda vais demorar muito?

- Estou um bocado atrasada! Olha vai andando que ja la vou ter contigo.

- Ok, ate ja.

- Boa sorte amiga!

-- (Ana) -- 

Estava tao nervosa que nem via por onde andava, tropecava a cada passo que dava, as minhas pernas tremiam, o meu coraçao batia forte, era esta a unica oportunidade que tinha, eu amava teatro, e sabia que esta poderia ser uma excelente experiencia para mim. A meio das escadas ja conseguia ver uma pequena multidao de volta dos papeis afixados na vitrine das informaçoes. Observava a sairem aos poucos varios alunos tristes, cabisbaixos, alunos que na minha opiniao, tinham prestado excelentes audiçoes. 
"Se eles sao tao bons e nao conseguiram, o que vai fazer com que eu tenha conseguido?!" - Pensava para mim mesma, muito insegura. 
Comecei a abrandar o paço ate aos resultados, com receio. Começava a perder a esperança. Finalmente, ali estava eu, em frente ao placar. Olhava para o chao, temia ler as letras que nos papeis estavam escritas. Por fim, respirei fundo, levantei o meu indicador e comei a percorrer a lista com ele. Um outro indicador deslizava ao lado do meu, mas ambos estavamos concentrados em encontrar os nossos nomes naquela folha que nem tomamos atençao. Paramos ao mesmo tempo. Eu nem queria acreditar onde o meu dedo estava. Tinha o meu indicador sobreposto ao meu nome. Sim! O meu nome estava na lista. Nao estava em mim, queria gritar; pular, dançar, ... Estava mesmo feliz. O meu primeiro impulso foi abraçar alguem. Eu sabia que tinha alguem do meu lado, sem esitar abracei-o de contentamento, histeria, e orgulho. Naquele momento eu estava a abraçar o dono daquele indicador, que percorrera a lista ao mesmo tempo que o meu. Assim que cai em mim e me decidi acalmar, percebi que nao sabia a quem me estava a agarrar, e isso nao era nada meu.

- Ana!! - Disse o rapaz a quem me tinha abraçado.

- Josh!! - Respondi surpresa. - Nem acredito que entramos!!

- Wuouu nem eu... Quer dizer, de ti, eu nunca duvidei. - Disse timido mas com convicçao.

- Oh nem eu de ti. Foste inrivel na audiçao, merecias um lugar na peça.

- E tu tambem, e agora entramos os dois! Parabens... - Disse ele entusiasmado, voltando-me a abraçar.

- Ana!! - Ouvi a Ines chamar-me das escadas, a correr.


terça-feira, 11 de setembro de 2012

Capítulo 9 - Ficar por Perto

-- (Inês) --

Antes de voltar a entrar na enfermaria, fechei os olhos e respirei fundo; O Louis abriu a porta depois de ter batido.

- Estamos de volta! Podemos? - Perguntou ele.

- Claro! – A enfermeira olhou para uns papéis que carregava, depois de me olhar confusa, procurou pelo meu nome nos tais papéis. – Inês! Está melhorzita?

- Sim, acho que sim… - Dizia ainda nervosa.

- Já sabe o que tem a fazer… - Disse ela preparando-me para me deitar. O Louis voltou para ao pé de mim e agarrou novamente a minha mão, com firmeza. A enfermeira colocou tudo a jeito. Desta vez pedia-me para que esticasse o braço direito, visto que o esquerdo já estava com danos da anterior, da tentativa falhada. A enfermeira pediu-me para que respirasse fundo e assim que o fiz, já estava a sentir a agulha a perfurar-me o braço.

- Inês! – Alertou-me o Louis apercebendo-se o que estava prestes a voltar a acontecer. – Eu sei que consegues. – Encorajou-me com uma voz muito doce e suave, ainda assim não estava a resultar. 


 

“If I don't say this now I will surely break
As I'm leaving the one I want to take
Forgive the urgency but hurry up and wait
My heart has started to separate

Oh, oh, oh
Oh, oh, oh
Be my baby
Oh, oh, oh

Oh, oh, oh
Oh, oh, oh
Be my baby
I'll look after you”

Trauteava o Louis, quase sussurrando. Lentamente comecei a abrir os olhos e a ganhar cor. Sorri-lhe.

- Prontinha… Vês, não custou nada. – Riu-se a enfermeira, bem-disposta.

- Estou orgulhoso de ti, miúda. – O Louis piscou-me o olho e eu sorri.

- Obrigada, Lou.

- De nada, Inês.

A enfermeira sorriu amigavelmente.

- Parece que é uma sortuda por ter um namorado como este.

- Ele não é meu… - Tentei protestar, mas o Louis encolheu os ombros.

- É uma sortuda, sim. Bem, parece que é a minha vez!

Fiquei abismada a olhar para o Louis e senti que estava a corar intensamente. Mesmo assim, levantei-me devagar e fui até a porta, à espera que a enfermeira acabasse de lhe tirar sangue.

- E já está. Já estão despachados.

- Obrigado pela atenção. – Disse o Louis, já levantado. – Tenha um resto de um bom dia.

- Adeus. – Despedi-me eu.

- Um bom dia para vocês, meninos. – Despediu-se a simpática enfermeira.

Eu e o Lou saímos da enfermaria e atravessámos alguns corredores em silêncio.

- Olha… Inês?

Olhei para ele; Ele parecia nervoso e estava a remexer no cabelo.

- Acerca do que a enfermeira disse… sabes… sobre nós… - Ele parecia mesmo envergonhado. – Quer dizer, espero que não tenhas levado a mal, só achei que não valia a pena contradizê-la, sabes? Era só mesmo…

Tive vontade de me rir mas contive-me.

- Não te preocupes, Lou. – Sorri-lhe com doçura. – Não me importei nada.

Ele pareceu ficar ainda mais atrapalhado, mas não disse mais nada.

- Inês! Louis!

Olhámos para trás e vimos que o Josh e a Ana vinham na nossa direcção, animados.

- Hey, Annie! – Cumprimentou o Louis. – Hey, Josh!

- Então?! – Perguntei à Ana. – Como foi a audição?

Ela sorriu-me, feliz.

- Acho que correu bem.

Vi que o Josh revirou os olhos e sorriu.

- Ela está doida. Ela foi perfeita. Amanhã saem os resultados e tenho a certeza que ela vai ser o primeiro nome da lista.

- A sério? – O Louis despenteou a Ana. – Que orgulho!

- O Josh também foi espectacular. – Ela sorriu para ele. – Quer dizer, fiquei completamente arrepiada com a audição dele.

Eu estava a topar aquele clima e sorri maquiavelicamente.

- Muito bem, muito bem… algo me diz que o Romeu e a Julieta da escola foram descobertos!

O Louis teve de conter um sorriso enquanto o Josh ficava tímido e a Ana tentava mudar de assunto.

- E vocês? Não começaram hoje as provas?

- Hoje fomos apenas tirar sangue. Para ver se está tudo OK connosco. – Expliquei eu.

A Ana riu-se.

- O Louis nunca gostou de agulhas, pois não, Louis?

Olhei admirada para ele. Não podia ser… ele não se tinha queixado uma única vez hoje…

- Que exagero… - Comentou ele.

- A sério? – Perguntou o Josh à Ana, divertido.

- Sim. – Respondeu-lhe ela, com um sorriso maroto. – Quando era mais novo ficava super pálido e a enfermeira dava-lhe sempre açúcar porque tinha medo que ele desmaiasse. Era mesmo frágil!

- Nunca imaginei que fosses dos sensíveis, Tomlinson. – Brincou o Josh, divertido; a Ana riu-se e eu fiquei algo atrapalhada.

Foi aí que a resposta do Louis nos surpreendeu aos três.

- Não brinquem com esse tipo de coisas. Há gente sensível, sim, e qual é o problema? A Inês perdeu os sentidos hoje. Deviam ter visto a cara dela. Por isso parem com essas piadas que não têm piada nenhuma.

Ficámos os três boquiabertos. O Louis que era sempre tao alegre e descontraído estava irritado. Mesmo irritado…

 -- (Ana) --

Senti a garganta a secar e os olhos a ficar ligeiramente húmidos. Talvez estivesse a ser ridícula mas… o Louis nunca tinha gritado comigo. Nunca…

- Inês… - Olhei para ela, a sentir-me culpada. – Desculpa… eu não sabia, e era só uma brincadeira, a sério.

- Oh, não te preocupes, eu sei! – Respondeu-me a Inês, parecendo meio desnorteada. – Não podias saber que tinha problemas com isso.

- Desculpa… - Não aguentei e deixei escapar um soluço; Devia parecer uma idiota. – Peço desculpa…

Virei-me e fui-me embora dali num passo algo apressado; Acabei por me sentar numa das muitas escadas secundárias da escola. Ouvir o meu melhor amigo a gritar comigo e ter noção de que tinha gozado com um problema sério de uma das minhas únicas amigas fazia-me sentir uma estúpida e estava furiosa comigo mesma. Só queria poder voltar atrás no tempo e…

- Aqui estás tu!

Olhei para trás e vi que em pé estava o Josh, com uma ar ansioso.

- Procurei-te por toda a parte. És mais rápida do que pareces…

Desviei a cara e tentei limpar os meus olhos húmidos.

- Por que me seguiste?

- Não é óbvio? – Ele sentou-se ao meu lado. – Estava preocupado contigo…

- Oh, esquece, não tem importância. – Revirei os olhos. – Sou só eu que sou uma… uma parva, uma…

- Ana…

Olhei para o Josh, que me olhava de volta, sério.

- Toda a gente erra. Estavas só a brincar. Eu também estava a brincar com a situação, lembras-te?

Suspirei, frustrada.

- Mas devia saber que era estúpido brincar com este tipo de coisa… conheci a Inês há pouco tempo mas já gosto bastante dela e ela agora deve achar que sou uma snobe qualquer, como o resto dos alunos deste Colégio. O Louis tinha razão… e vê-lo zangado comigo… Foi mesmo mau…

- A Inês não ficou zangada. Aliás, ela estava tão ou mais preocupada do que eu quando te foste embora. E quanto ao Louis… - O Josh sorriu-me. – Ele ficou cheio de remorsos. Percebi pelos olhos dele.

- Não digas coisas dessas só para me fazeres sentir melhor. – Sussurrei eu, olhando para os meus pés.

Foi aí que ele me levantou gentilmente o queixo e me olhou nos olhos.

- Não estou a mentir. – Sussurrou-me de volta. – Não te mentiria. Nunca…

O meu coração começou a bater assustadoramente depressa. O seu olhar prendia-me e não sabia o que lhe dizer. Ele começou a aproximar-se de mim e a minha pulsação batia irregular e acelerada. Estávamos apenas a alguns centímetros de distância um do outro quando ouvi o meu nome.

- Ana!

Olhei para quem me chamava e vi o Louis a andar na minha direcção. Um pouco mais atrás, de mão dada com ele, estava a Inês, que me fitava aliviada.

- Encontrámos-te finalmente! – Disse ela, saltando para ao pé de mim; Eu levantei-me e ela deu-me um grande abraço. – Estava super preocupada contigo!

- Desculpa, Inês. – Retribui o abraço com força. – Espero que me perdoes por dizer aquelas coisas parvas…

- Não sejas tonta. – Ela riu-se e sorriu-me amigavelmente. – Estavas só a brincar. Eu também brincaria com uma situação assim. Não te preocupes.

- Obrigada. – Sorrimos as duas; Olhei para o Louis, que me olhava, desconfortável

- Annie… desculpa…

Avancei uns passos e dei também um abraço ao meu melhor amigo.

- Não tens de pedir desculpa. Estavas só a defender a Inês. – Sorri-lhe. – Espero que percebas que foi só uma piada.

- Sim, claro que percebo. Eu exagerei porque a tarde foi stressante… desculpa.

- Não faz mal.

Ele despenteou-me, como já era tradição, e eu fiz-lhe uma careta.

- Parece-me que é hora de recolher ao quarto. – A Inês piscou-me o olho. – Temos muito que falar, minha menina.

- Pois… bem parece que temos. – Surpreendi-a com um sorriso maléfico e fiquei satisfeita por ela parecer assustada; queria saber todos os pormenores da sua tarde com o Louis.

- Então… vemo-nos depois, meninas. – Despediu-se o Louis, sorrindo-nos.

- Adeus Lou, adeus Josh. – Despediu-se a Inês, sorridente.

Antes de me ir embora olhei para o Josh, agradecendo silenciosamente o seu apoio. Ele fitou-me de volta e sorriu-me de forma meiga mas envergonhada, o que fez o meu coração dar um pulo.

- Tens muito que me explicar, menina Ana! – Exclamou a Inês, enquanto íamos para o quarto.
Ia ser uma longa tarde…

sábado, 1 de setembro de 2012

Capítulo 8 - Medo

-- (Inês) --

Eu estava nervosa, não por mim, talvez um pouco, mas mais pela Ana. Eu sabia o quanto ela queria entrar para o grupo de teatro, e sabia que o ia conseguir, mas ela ia muito insegura de si, e tinha medo que isso pudesse ser maior que o seu talento e deita-se tudo a perder. Eu podia conhecer a Ana há razoavelmente pouco tempo, mas há tempo suficiente para a considerar uma grande amiga e estava aqui a torcer por ela. Mas agora tinha de me concentrar na minha prova. Encaminhava-me para os balneários, quando me deparo com um bilhete de aviso, afixado na porta, a encaminhar-nos para o campo principal. Assim o fiz. Há medida que me ia aproximando do relvado, ia vendo os muitos alunos que se queriam inscrever em Futebol. Ali se abatia um enorme silêncio constrangedor, todos se voltaram para mim ao ver-me chegar.

- Boa tarde. Desculpe o atraso. – Disse ao senhor mais velho que parecia estar a coordenar os alunos. Este limitou-se a olhar-me chateado, sem pronunciar uma única palavra. Estremeci e o Mister continuou a falar.

- Como eu estava a dizer… As provas não serão realizadas hoje, mas sim na próxima quarta. Hoje o dia será tirado para irem até á enfermaria fazerem uns testes para diagnosticar o vosso sistema. Saber se estão aptos ou não para entrarem em campo. Seleccionaremos os melhores, e esses farão os testes para a equipa… - O Mister percorreu o seu olhar por todos nós. - Alguma dúvida? – Aguardou um pouco mas ninguém disse nada. – Bem, então têm entre as 15h e as 18h para passarem por lá. Amanha de manhã afixaremos os resultados iniciais. É tudo, por agora.
Começamos a dispersar-nos para a saída do campo.

- Viste aquela? Já está marcada. Duvido que consiga lugar na equipa. – Falava de mim, o treinador, ao professor de educação física, que também estava presente.

- A que chegou tarde? Mister, essa é minha aluna, eu via jogar na última aula e aconselhei-a a vir fazer o teste, não a julgue por uns minutos de atraso.

- Hum… Espero que esteja certo, eu não me costumo enganar nestas coisas…

- Vai ver que se vai arrepender do que está a dizer. – Defendeu-me o Professor.
 
****

- Inês… INÊS… - Ouvi chamarem por mim. Voltei-me para ver quem era. Vi o Louis a correr na minha direcção.

- Louis… Ei, por acaso sabes o que nos vão fazer na enfermaria? – Perguntei curiosa.

- Sim, fazemos isto todos os anos, mas este ano estamos a fazer antes das provas, porque normalmente calha a ser depois. Mas não te preocupes, eles só nos vão medir, pesar, fazer umas análises… Essas coisas básicas… Nada demais… - Disse descontraído.

- A… Analises? – Disse engasgada.

- Sim, o que tem?

- Não nada. Não percebo o porquê… - Tentei disfarçar.

- Olha, tens alguma coisa para fazer agora?

- Agora, agora, não, porquê?

- Podíamos ir juntos á enfermaria.

- Acho uma óptima ideia. – Sorri.

- Vamos dar uma voltinha para fazer tempo, porque devem ter ido para lá todos agora, e quando o posto, estiver mas calminho vamos, que me dizes?

- Um excelente plano.

Começamos a caminhar para os enormes jardins que o colégio tinha.

- Louis… Toma atenção às horas, não nos podemos afastar muito.

- Está tudo controlado. – Disse ele muito seguro e sempre sorridente.

Entramos num dos jardins, aquilo era lindo, estava calmo, e eu vagueava nos meus pensamentos até o Louis me interromper.

 - Inês? Passa-se algo?

- Porque perguntas?

- Não sei, estás muito caladinha…

- Agora estás a dizer que sou uma fala-barato? – Perguntei na brincadeira parecendo indignada.

- Não, nada disso, eu gosto quando tu falas… - Baixou a cabeça envergonhado. – No que é que estás a pensar?

- Estou a pensar que já meti água.

- Como assim?

- Sim, com o mister. Viste como é que ele me olhou quando eu cheguei? Parecia que me ia comer viva. – Disse com ar assustada.

- Oh não ligues, ele faz este ar de mauzão, mas é um fixe. Está bem que nos treinos é muito rígido, puxa muito por nós, mas quando temos jogos fora, ele é um bacano, vais ver.

- Não sei não… - Disse insegura. – Ele pareceu mesmo chateado.

- Se fores tão boa, como eu penso que és, ele nem pensa duas vezes antes de te pôr na equipa. – Piscou-me o olho.

- Sim… Fala o capitão, 2 anos consecutivos.

- Este ano não devo ter essa sorte, a concorrência está muito forte.

- Oh, vais ver que consegues.

Ambos sorrimos envergonhados. Acabamos de dar a volta ao parque e começamos a encaminhar-nos para os pavilhões do colégio. Quanto mais perto eu estava da enfermaria mais enjoada eu me começava a sentir. Todo o meu corpo suava e tremia. Já avistávamos a porta da enfermaria, íamos a meio do corredor quando automaticamente paro, vendo o Louis caminhando, quando este se apercebe ter-me deixado para trás.

- Inês passa-se algo? – Perguntou preocupado.

- Hum… Não… Acho que mudei de ideias Louis…

- Mudaste de ideias? – Ele estava confuso.

- Não quero ir ao posto médico… - Disse-lhe, baixinho.

- Mas… – Ele estava mesmo confuso. – Tens de ir se quiseres tentar entrar para a equipa… Passa-se alguma coisa? Fala comigo.

Não aguentei e tive que confessar.

- Tenho pânico de agulhas e de sangue. Pânico!

O Louis olhou para mim, em silêncio. Ao fim de algum tempo, começou a rir.

- Não tem piada! – Eu estava mesmo nervosa. – Eu não estou a brincar! Tenho fobia desde pequena!

- Desculpa, mas pensei que fosse algo mais sério e fiquei aliviado por saber que é só isso. – Esclareceu ele, com um sorriso querido. – Se te sentires melhor… eu fico ao teu lado o tempo todo. Até te dou a mão.

Não consegui evitar sorrir-lhe de volta.

- A sério? – Sentia-me super envergonhada.

- A sério. – Ele sorriu-me. – Anda lá, medricas.

Fiz-lhe uma careta, rimo-nos os dois e entrámos na enfermaria; Estava a sentir-me ligeiramente mais aliviada por estar com o Louis. – Era mesmo bom estar com ele.

- Olá meninos! – Disse-nos a enfermeira, uma mulher nova e simpática. – Suponho que venham fazer as análises para o futebol?

- Sim. – O Louis deu-me uma cotovelada, tentando descontrair-me. – É indolor, não é?

- Claro! – A enfermeira sorriu-me. – Quem quer ir primeiro?

- Ele. – Respondi, apontando para o Louis.

- Ela. – Respondeu ele ao mesmo tempo, apontando para mim; A enfermeira riu-se.

- Um de vocês tem de ser.

Respirei fundo e olhei séria para o Louis.

- Não me largues a mão. – Estava a ficar novamente assustada. – Está bem?

- Não largo por nada deste mundo. – Ele sorriu-me e eu sentei-me.

- Não há motivo para teres medo, querida. – A enfermeira pôs um bocado de álcool num pedaço de algodão e eu desviei logo o olhar; O Louis agarrou-me a outra mão.

- Não stresses, Inês. Olha apenas para a minha linda cara. – Ele fez uma careta e eu ri-me; Mas comecei a sentir-me algo zonza quando a enfermeira me passou o bocado de algodão pelo braço.

- Inês, estás a ficar pálida. – O Louis ria-se mas conseguia perceber que ele estava nervoso; Comecei a ouvi-lo como se estivesse bastante longe.
– Inês…?

Assim que senti a agulha a perfurar a minha pele, fechei os olhos e perdi a consciência. Lentamente comecei a abri-los. A minha vista ainda enfraquecida, começava a ver tudo distorcido, conseguia ouvir umas vozes de fundo, mas não distinguia qualquer tipo de palavras.

 - Inês… - Comecei a perceber, mas ainda muito baixinho. – Inês responde-me. – Pedia-me o Louis muito nervoso e assustado.

- O que é que aconteceu? – Perguntei calmamente ainda um pouco zonza.

- FINALMENTE! Que alivio. – O Louis sorriu soltando um suspiro de alivio.

A enfermeira apertou-me o pulso para sentir a minha pulsação que lentamente voltava ao normal.

- Vou buscar um copo de água… Não deixe a sua namorada se levantar!

- Ela não é… - Explicava o Louis, mas já a enfermeira tinha saído. – Pregaste-me cá um susto.

- Desculpa… - Disse envergonhada enquanto elevava o meu corpo um pouco dormente.

- Shashhhh… Nem penses! – Afirmou autoritário, encostando-me suavemente contra a cadeira. – Ouviste o que disse a enfermeira.

- Aqui está… Beba com calma… - Avisou a enfermeira entregando-me o copo.

Comecei a beber e estava adocicado o que me fez cuspir agoniada.

- O que é isto? – Perguntei fazendo uma enorme careta.

- É água com açúcar para ajudar a subir a tensão. – Sorriu ela, simpática.

- Hum… - Olhei para o copo fazendo outra careta.

- Fazemos assim… Ainda tenho alguns colegas seus para serem examinados, enquanto isso podia ir dar uma volta, apanhar um pouco de ar para ver se ganha uma corzinha e volta mais daqui a pouco?

- É uma óptima ideia! – Afirmou o Louis. – Anda, eu ajudo-te. – Disse ele, ajudando-me a levantar.

- Vão com calma… E Relaxa. – Disse a enfermeira, docemente. Sorri-lhe um pouco nervosa e eu e o Lou saímos dali

- Quando disseste que tinhas fobia de agulhas… - Desabafou o Louis, com um ar meio assustado. – Não estava à espera daquilo, podes ter a certeza. Ias-me dando um ataque de coração.

- Desculpa, não era minha intenção. – Desculpei-me eu. – Já é habitual.

- É na boa, Inês. Não te preocupes.

Passei a mão pela minha testa e respirei fundo; estava melhor mas as minhas pernas ainda tremiam.

- Não estás melhor? – Perguntou o Louis, preocupado.

- Estou… as minhas pernas é que ainda não recuperaram completamente.

- Isso resolve-se rapidamente. – O Lou pôs-se de cócoras à minha frente. – Sobe.

- O quê?! – Corei ligeiramente. – Louis, eu…

- Anda lá, antes que te obrigue!

Algo envergonhada, encostei-me às suas costas e ele levantou-me facilmente. Eu nem queria acreditar que ele me estava a levar às cavalitas

- Ufa! – Queixou-se ele. – És pesada!

- Foste tu que quiseste levar-me! – Acusei-o.

- Estou só a brincar. – Ele riu-se, bem-disposto. – És leve que nem uma pena, não te preocupes.

Ele andou um bocado pelos corredores, só para passar tempo.

- Já te sentes em condições de voltar? – Perguntou-me ele.

Acenei ligeiramente.

- Sim. Desta vez vai correr bem.

Ele sorriu e começou a andar de volta à enfermaria

- … Lou?

- Sim?

- Obrigada… - Murmurei baixinho.

Ele virou ligeiramente a cabeça e piscou-me o olho.

- De nada, Inês.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Capítulo 7 - Amuleto


-- (Ana) --

Assim que chegamos ao quarto a Inês mandou-se logo para cima da cama.

- Eu amo ter as tardes livres! – Exclamava ela, soltando um suspiro.

- Sabe optimamente bem, principalmente antes das quartas, assim sempre dá para ensaiar para o teatro. Por falar nisso… Não viste o meu dossier onde tenho algumas falas? – Perguntei remexendo nas minhas coisas há procura dele.

- Hum… Não. Já procuras-te naquelas caixas? – Disse a Inês apontando para uns caixotes no canto do quarto.

Ainda estávamos nos primeiros dias, por isso muitas das coisas ainda não estavam nos seus lugares. O que me fazia perder um bocado. Depois de procurar em alguns caixotes finalmente encontrei. Fui-me sentar na minha cama, encostei-me há parede a decorar o texto. Passados alguns minutos, estava eu muito concentrada quando a Inês me interrompe.

- Queres ajuda?

- Hã?! Com o quê? – Perguntei confusa.

- Com isso… As falas.

- Ah, não, obrigada, não te quero maçar.

- Ai anda lá, não maças nada, eu ajudo. – Levantamo-nos as duas. Dei-lhe algumas folhas e começamos.

Era impossível parar de rir.

- Ahahah! Eu acho que tu também devias fazer a audição para a peça da escola.

- Só se entrar um bobo da corte no espectáculo. – Dizia ela a rir-se.

- Olha… Nunca se sabe.

- Está bem, está bem, então se precisarem, fala lá com o encenador. – Ironizou. Piscou-me o olho e continuamos a rir. – Vá… Agora a sério… -
Disse ela colocando uma postura séria. – Não é que precises de muito mais ensaio, porque já ficaste com o papel principal, como é óbvio, mas vá, vamos continuar para deixares todos encantados.

- Oh, que tola Inês. – Disse envergonhada.

- Realista minha cara amiga. Realista. – Entoou ela como se estivesse a dizer uma deixa o que me fez rir. – Ana… - Chamou-me antes de voltar-mos ao ensaio.

- Sim Inês…

- Hum… Passa-se algo entre ti e o Louis? – Perguntou envergonhada.

- INÊS! – Exclamei eu. – Gostas dele?!

- ACHAS?? Não… NÃO! Eu?! NÃO! Então só conheço o rapaz há 2 dias. Que disparate. Nada disso. Mas como vocês são muito ‘íntimos’ eu não sei, não quero que te chateies comigo por causa disso.

- Por causa de gostares dele?

- EU NÃO GOSTO DELE!

Não consegui aguentar mais e acabei por me perder em risos.

- Estás-te a rir do quê? – Perguntou a Inês confusa. – Não tem piada! Já viste, tu conhecesse-o há anos e depois chega aqui uma qualquer…

- Inês… O que é que aconteceu ao certo lá na arrecadação? – Interrompia, com pensamentos maliciosos.

- NADA! ANA?! – Perguntou estupefacta. Peguei numa mini almofada que tinha em cima da cama e mandei-lhe.

- Devias ter visto agora a tua cara, até mudaste de cor.

- Sua safada! – Disse atirando-me de novo com a almofada e ali começou uma mini ‘guerra’.
 
*****

 No dia seguinte, dirigi-me ao anfiteatro da escola para a minha audição: estava super nervosa e a tremer dos pés à cabeça, mas a Inês tinha conseguido animar-me e dar-me alguma coragem.

Quando cheguei, reparei que já havia imensa gente sentada; sentei-me o mais atrás possível e sozinha, enquanto respirava fundo e revia as minhas falas

- Bem-vindos! – Saudou a Mrs Darvus, entusiasmada como de costume. – Bem-vindos meus futuros actores, meus raios de Sol!

Tive de tentar não me rir daquela excitação toda.

- Hoje vamos ver quem tem realmente sangue dramático a correr pelas veias! Espero que não se esqueçam que o nosso Colégio tem sempre sido aclamado pelos jovens actores que aqui se estreiam… espero muito de vós!

Todos os alunos ali presentes aplaudiram e a Mrs Darvus foi sentar-se na primeira fila.

- Primeira audição… Katherine Charles, pode subir ao palco!

Quase tive de conter o vómito: a miúda mais mimada da escola subiu ao palco com uns saltos altos rídiculos (devo dizer que a imaginei a cair e a partir qualquer coisa) e começou a fazer… qualquer coisa. Qualquer coisa que não era de certeza uma audição. Ela era horrível.

- Muito bem, muito bem, querida. – Interrompeu a Mrs Darvus, obviamente aborrecida com aquela actuação. – Podes sair.

Ela fez uma mini vénia (a sério? Que ridícula!), sorriu e saiu do palco.

- A seguir, a seguir… - Ela parecia estar a revirar alguns papéis. – Josh Hutcherson. Pode subir.

O meu coração deu um inesperado pulo ao vê-lo subir ao palco: não acredito que me tinha esquecido que ele adorava Teatro!

Observei-o com muita atenção enquanto se preparava; ele fechou os olhos e começou.

- Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Más há também quem garanta que nem todas, só as de verão.

Reconheci imediatamente aquela passagem de ”Um Sonho de Uma Noite de Verão” de Shakespeare; continuei a ouvir atentamente.

- No fundo, isso não tem importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, a dormir ou acordado.

Ele continuou a declamar enquanto eu o ouvia, fascinada; quando terminou, todos aplaudiram e eu não pude evitar ruidosas palmas e assobios de aprovação – ele tinha arrasado completamente e ainda me sentia com pele de galinha.

- Excelente, EXCELENTE! –  A Mrs Darvus aplaudia com energia. – Muito bem! Pode descer, meu querido!.

O Josh sorriu e desceu, mas em vez de se sentar onde estava antes, mesmo lá à frente, veio sentar-se ao meu lado.

- Não me avisaste que estavas aqui – Disse ele, sorridente. – Só te vi mesmo agora, lá do palco.

- Desculpa. – Fiz uma careta – Mas estou tão nervosa que mal consigo pensar no que estou a fazer.

- Não te preocupes, aposto que vai correr lindamente.

- Não sei… - Respondi, com um embrulho no estômago. – E se me engasgar?! E se me esquecer do que vou dizer?! Ou pior, se fizer uma autêntica figura de ursa, como a Katherine fez?!

O Josh riu com vontade e eu dei-lhe um pequeno murro ao de leve no braço.

- Não estou a brincar!

- Desculpa, desculpa. – Ele parou de rir, ainda divertido – Ouve. Vais arrasar, eu sei que vais.

- Ana Jones? – Ouvi a Mrs Darvus a chamar. – Pode subir.

- Oh bolas, sou eu! – Dei um mini gritinho e saltei na minha cadeira. – Não sei se estou preparada!

- Hey, hey, calma!

Ele levou a mão ao bolso e tirou de lá uma pulseira com um pequeno sol.

- Comprei isto em criança e sempre foi o meu amuleto da sorte. – Ele pôs-mo na mão – Leva-o para o palco. Vai ajudar-te a teres mais confiança.

- Josh… - Disse eu, atrapalhada. – Eu não sei o que dizer…

- Não digas nada. – Ele piscou-me o olho. – Leva-o e parte uma perna.

Ia tentar recusar quando ouvi Mrs Darvus a chamar novamente.

- Ana Jones?

Respirei fundo e subi até ao palco; olhei para a plateia e engoli em seco – aquilo era mais difícil do que eu pensava.

- Pode começar, querida. – Disse gentilmente a professora de Teatro.

O meu primeiro pensamento foi fugir. – Mas estaria a ser uma autentica cobarde se desistisse do que gostava de fazer por ter medo. Por isso, olhei para o sol do Josh, fechei os olhos e comecei a declamar uma das minhas passagens favoritas da Julieta Capuleto.

- Meu inimigo é apenas o teu nome. Continuarias sendo o que és, se acaso Montéquio tu não fosses…

Abri os olhos lentamente e olhei em frente, tentando pôr-me no papel da apaixonada de Romeu.

- Que é Montéquio? Não será mão, nem pé, nem braço ou rosto, nem parte alguma que pertença ao corpo. Sê outro nome. Que há num simples nome? O que chamamos rosa, sob uma outra designação teria igual perfume…

Os meus olhos passaram pelo Josh, que parecia fixado em mim.

- Assim Romeu, se não tivesse o nome de Romeu, conservaria a tão preciosa perfeição que dele é sem esse título. Romeu, risca teu nome e, em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo, fica comigo inteira…

Terminei e fechei os olhos novamente, com receio de enfrentar o público.

- Foi… foi magnífico!

Abri os olhos, surpreendida, e vi a Mrs Darvus a limpar uma lágrima ao canto do olho; vi os outros colegas a aplaudirem e vi a Katherine a fulminar-me com o olhar, obviamente irritada; mas, acima de tudo, vi o Josh a aplaudir-me em pé, com entusiasmo.

Agradeci baixinho e fui sentar-me novamente.

- Por que é que estavas nervosa?! – Perguntou-me o Josh, entusiasmado. – Foste brilhante! Foste espectacular, foste incrível, foste… foste…!

Quando se apercebeu que ainda não tinha parado de falar, corou; sorri-lhe timidamente.

- Obrigada. – Respondi, tentando não parecer muito envergonhada. – As tuas palavras foram importantes… e o teu amuleto deu-me coragem.

Ele sorriu.

- Ainda bem que pude ajudar…

Ficámos a olhar um para o outro durante algum tempo até começarmos a rir baixinho, embaraçados.

- Bem, não tenho dúvida alguma de que vais entrar, Julieta. – Disse o Josh, confiante.

- Não sei. – Sorri-lhe. – Mas tu vais, de certeza.

- Então e que tal se entrarmos os dois? – Perguntou ele, divertido. – Parece-te bem?

 Sorri-lhe novamente.

- Parece-me óptimo.

E olhámos novamente para o palco, onde um rapaz fazia a sua audição.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Capítulo 6 - Conversa Imprevisivel

-- (Inês) -- 

- Não acredito! – Disse o Louis tentando abrir a porta com toda a força que tinha, mas nada aconteceu. – Não dá!

Comecei a ficar nervosa: não gostava muito de espaços pequenos.

- HEY! HEEEEEEY! – Berrei e dei alguns murros na porta, na esperança que alguém nos ouvisse.

- Esquece. – Suspirou o Louis. – Ninguém vai ter educação física nos próximos 90 minutos.

Arregalei os olhos em pânico.

- Não pode ser! Vamos perder as aulas! E se entretanto ninguém vier?! E se…!

- Calma, rapariga! – O Louis pousou as mãos nos meus ombros, fazendo-me acalmar. – Não te passes, está bem? Temos só de… pensar em alguma maneira de passar o tempo.

Suspirei, tentando-me acalmar.

- Ok, tudo bem… o que sugeres?

Ele sorriu e sentou-se no chão, encostado a uma parede.

- Fala-me um pouco de ti.

- De mim? – Perguntei-lhe, admirada.

- Sim. – Ele deu uma palmada no chão. – Senta-te aqui.

Atrapalhada, acabei por me sentar ao seu lado.

- O que queres saber? – Perguntei, genuinamente curiosa.

- Não sei… – Ele encolheu os ombros. – O que quer que te venha à cabeça.

Foram precisos poucos segundos para a frase me sair pelos lábios.

- Odeio este colégio…

Ele olhou-me, admirado.

- A sério?

Acenei ligeiramente – Quer dizer, provavelmente pareço uma idiota. Qualquer pessoa mataria por estar aqui, em Crestwood… Mas… os meus amigos… os meus amigos de sempre, do meu bairro… Bem, estão todos juntos numa escola super normal e… - Suspirei. – Era só isso que eu queria. 
Estar numa escola normal rodeada dos meus amigos.

Ele ficou em silêncio durante algum tempo.

- Também tens amigos aqui.

Olhei para ele, admirada.

- Sei que nos conhecemos há pouco tempo mas… – Ele sorriu. – Gosto de ti…

Senti as minhas bochechas a arderem.

- Assim como a Ana e o Josh. – Continuou ele. – Por isso, não estás sozinha. Está bem? – Ele deu-me uma cotovelada e eu ri-me.

- Está bem. Obrigada, Lou.

- Lou… - Ele ficou pensativo e depois sorriu. – Gosto!

Sorri-lhe novamente.

- Então e tu? Gostas do colégio?   

Ele acenou.

- Sim, até gosto. Claro que tem os seus defeitos: snobs, uma directora detestável e portas velhas que trancam alunos em arrecadações. – Rimo-nos os dois. – Mas sim, até gosto. 

- Gostava de ter essa tua visão. – Fiz uma careta.

- Bem, talvez algum dia venhas a ter. – Sorriu-me. – Mas também não foi nada fácil vir para o colégio. Custou-me imenso deixar as minhas irmãs…

Tive de impedir um pequeno “aww” de sair dos meus lábios.

- Isso é mesmo querido… – Consegui dizer-lhe, completamente derretida-

Ele riu-se.

- Obrigado, acho eu… Mas tenho que dizer que tive sorte. Quer dizer, a Ana ajudou-me imenso nessa fase pior… - Ele sorriu. – Sempre estivemos lá um para o outro, entendes? Desde pequenos.

Nesse instante, senti um estranho embrulho no estômago, não sei bem porquê.

- Ah… a Ana… pois… – Foi a única coisa que consegui dizer.

- Ela é que nos podia vir safar desta alhada agora. – Riu-se o Louis, bem disposto. – Seria a minha heroína.

- Louis? – Ouvimos os dois ao mesmo tempo.

- Espera… - Comecei eu – Acabámos de ouvir a…?

- E Inês?! – Perguntou, admirada, a Ana – Então era aí que vocês estavam!

Levantámo-nos os dois rapidamente.

- Ficámos aqui trancados. – Disse o Louis para o outro lado. – Tens que ir pedir ajuda, não consegues abrir a porta sozinha.

- É para isso que aqui estou. – Ouvimos outra voz mais grossa falar.

- Josh! – Suspirei de alívio – Vá, tirem-nos daqui!

Após um bom esforço conjunto do Josh e do Louis, a porta foi aberta com sucesso.

- LIBERDADE! – Berrei, saltando cá para fora.

A Ana riu-se, divertida.

- Estávamos à vossa espera há um bom bocado! Como é que ficaram ali presos?

- Fomos arrumar as coisas porque o stor pediu… – Começou o Louis.

- … Foi logo difícil abrir a porta: tentámos abri-la, conseguimos, mas fechou-se quando já lá estávamos dentro. – Terminei eu.

O Josh e a Ana trocaram um olhar cúmplice e um sorrisinho divertido.

- Certo… – Disseram os dois ao mesmo tempo.

Franzi o sobrolho, desconfiada.

- Então e vocês? O que é que estão a fazer tão juntinhos?

Tive de conter o riso quando vi os dois a gaguejar.

- J-Juntinhos? – Perguntou a Ana.

- J-Juntinhos como? – Perguntou o Josh.

Foi a minha vez de rir, juntamente com o Lou.

- Fiquem sabendo… – A Ana revirou os olhos, tentando esconder a sua vergonha. – … que eu, como boa colega que sou, estava à espera da Inês…

-- (Ana) --

- Pois... Pois… Mas vamos para as aulas ou vamos ficar o resto da manhã aqui na conversa? Daqui a nada está a tocar! – Insinuou a Inês. Ficamos todos estáticos a olhar para ela. – Que foi? – Perguntou admirada com as nossas reacções.

- Inês… Acho que passas-te tempo a mais na arrecadação. – Avisei-a ainda espantada.

- Hã?! Porque é que estás a dizer isso? – Perguntou confusa.

- Tu é que estás sempre a reclamar das aulas, e agora és a 1ª a dizer que está na hora. Não te entendo. – Voltei-me para o Louis. – Que lhe fizeste lá dentro? 

- EU?! Eu… Nada! – Senti-o a ficar atrapalhado e envergonhado, o que me fez desmanchar a rir.

- Ana é a sério, acho que devíamos ir. – Disse a Inês muito sério, parecia um pouco perturbada, mas não percebi porquê. – Adeus rapazes, vemo-nos por aí. – Despediu-se, começando a caminhar para a zona feminina.

- Bem, sendo assim, também vou indo. Até já meninos. – Disse.

- Annie… - Chamou-me o Louis. Só ele é que me chamava aquele nome, era tipo a sua alcunha ‘carinhosa’ para mim. - … Vê se ela fica bem. – Pediu-me preocupado.

- Claro. – Sorri-lhe, piscando-lhe o olho. – Adeus Josh. – Acenei-lhe com a mão, ele fez o mesmo e sorriu. Tentei acelerar um pouco o passo para alcançar a Inês. Percorríamos a entrada do colégio lado a lado com alguma velocidade. – Inês! O que é que se passa?

- Nada. Eu só não quero chegar tarde.

Dito isto estávamos já muito perto da sala, já todos os nossos colegas estavam a entrar, fizemos o mesmo. A aula demorou a passar, mas finalmente acabada, saímos. Estava na hora de almoço consegui avistar a Inês já ao fundo do corredor em direcção ao refeitório, apressei-me para a alcançar.

- INÊS! – Gritei. – O que é que se passa rapariga? Estás chateada comigo? – Perguntei preocupada.

- Não! Foi só … - Ela evitou o que estava prestes a dizer. 

- Podes falar, sabes disso?

- Sim, mas é que não é nada, eu só estava com pressa para ir para a aula. Não queria chegar tarde.

- Eu já percebi isso, só ainda não percebi porquê?

- É que… Eu já passei muito tempo na directoria. – Ela baixou a cabeça. – Não quero voltar a esses tempos.

- Oh, desculpa, eu não sabia. Mas já podias ter falado sobre isso. Porque não disseste logo?

- Eu não quis que tu pensasses que eu era uma espécie de rufia ou assim. – Ambas rimos.

- Que tolice. – Pus o meu braço há volta do seu ombro e entramos no refeitório. – Para a próxima, já sabes que podes falar.

Cada uma pegou nos tabuleiros, e fomos buscar a comida, quando aparecem o Josh e o Louis atrás de nós.

- Já falaste com ela? O que é que aconteceu? É comigo que ela está chateada? – Sussurrou-me o Louis atrás de mim, na fila para o almoço.

- Ele não se calou a aula toda. – Comentou o Josh, divertido. – Salva-me!

Ri-me do Josh e voltei-me para o Louis.

- Já Romeu. E não, não é. Não te preocupes.

- Cala-te! Não digas disparates Ana. Pensei que era, sabes que gosto de estar bem com toda a gente…

- Hum Hum… - Dissemos eu e o Josh, com sorrrisos maliciosos.

Já estávamos servidos, pegamos nos tabuleiros, quando nos íamos a sentar e o Josh e o Louis foram chamados por um grupo de rapazes, seus colegas, que estavam numa mesa um pouco mais distante.

- Vocês importam-se… ? – Perguntou o Louis.

- Não, Claro que não. Vão lá. – Disse.

- Adeus. Bom almoço. – Disseram.

Depois de os rapazes se terem juntado, eu e a Inês ficamos a almoçar e depois de terminado o almoço, fomos arrumar os tabuleiros e dirigimo-nos ao quarto, para descansar.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Capítulo 5 - Desatinos com o Equipamento


-- (Inês) --


Dirigia-me para os balneários, enquanto ia há conversa com a Ana, mas somos interrompidas quando ouço chamarem pelo meu nome. Voltei-me de costas e tinha o professor a acenar-me. 


- O que será que ele quer? – Perguntei intimidada, há Ana. 


- Hum… Não sei. Mas não deve ser nada de mal. Boa sorte amiga.


- Obrigada. Já lá vou ter contigo aos balneários. – Disse-lhe. Notei que ambas ainda tínhamos os coletes postos. – Hey! Ana! O colete! – Avisei-a.


- Há sim. Que tola. Toma. – Disse retirando-o e dando-me para as mãos. – Leva-o ao stôr. 


- Ok. – Respondi-lhe vendo-a ir em direcção dos balneários. Direccionei-me ao professor. – Está tudo bem professor? – Perguntei.


- Está. Eu é que estive a reparar no seu jogo hoje, e tenho umas palavrinhas para lhe dar. – Baixei a cabeça com medo do que pudesse ouvir. O professor mantinha um ar muito sério, o que me intimidava ainda mais. – Muitos parabéns. – Sorriu. Fiquei confusa. – Já pensou em prestar provas para a equipa feminina da escola?


- Já sim. Mas nunca achei que tivesse a altura da equipa. – Disse insegura.


- Eu acho que tem grandes hipóteses. Pelo que demonstrou hoje em aula, vejo que tem grandes qualidades, devia apostar nelas. – Corei. 


- Muito obrigada professor.


- Então isso quer dizer que posso contar consigo nas provas de amanhã?


Assenti afirmativamente com a cabeça e esbocei um enorme sorriso.


- Então até amanha menina Davis. E boa sorte.


- Até amanhã. E mais uma vez obrigada. – Agradeci-lhe e comecei a caminhar para os balneários, toda orgulhosa. 


- Bem meninos, por hoje é tudo. Para a próxima aula é futebol, temos de começar a preparar para o interescolar. – Avisou o professor aos rapazes. – Agora podem ir tomar duche. – Os rapazes encaminhavam-se todos para os balneários. – Louis! – Chamou o professor. – Importa-se de ficar mais um pouco para arrumar os materiais? É que ainda tenho de ir á sala dos professores, …


- … Claro que não. – Disse prontamente. 


- Obrigada. Boa aula hoje. – Sorriu-lhe o professor, já a sair do pavilhão.


Eu que já estava a entrar nos balneários reparei que ainda estava com os coletes. “Sempre a mesma distraída”- Pensei. Voltei para trás para os entregar ao professor, mas este já não se encontrava no pavilhão. Percorri os meus olhos pelo recinto quando detecto uma pessoa. Olhei melhor e pude reparar que era o Louis. Acelerei o paço até chegar perto dele. 


- Inês? Que fazes aqui? – Perguntou-me.


- Isso pergunto eu.


- O stôr pediu-me para ficar a arrumar os materiais, e tu? Qual é a tua desculpa?


Levantei os coletes que tinha na mão e fiz uma careta.


- Por acaso não sabes onde os posso deixar, não?


- Sim. É ali. – Apontou para uma entreaberta a um canto do pavilhão.


- Hum… Obrigada. – Virei costas, ia começar a andar mas deixei-me parada, e voltando-me novamente para ele. – Precisas de ajuda? – Ofereci-me.


- Só se não te importares.


- Claro que não. Somos dois fazemos isto mais rápido. – Sorri-lhe, e comecei a pegar em alguns pinos que estavam a marcar o campo. – Acho que está tudo… - Disse olhando para o espaço.


- Sim, agora é só levar o que falta para dentro e está tudo. – Pegamos nos restantes materiais e carregamo-los para a salinha de arrumações. 


- Esta porta está a precisar de óleo. – Queixou-se o Louis, enquanto tentava abrir um pouco mais a porta da mini arrecadação.


- Realmente, não entendo… – Disse eu, revirando os olhos. – A directora passa horas e horas a gabar-se da escola, mas não trata desta porta!


O Louis riu-se.


- Também não gostas da directora?


- Mas alguém gosta?! – Perguntei, arregalando os olhos.


- Bem pensado! – Ele riu-se e conseguiu finalmente arrastar a porta. – É melhor pôr algo aqui para segurá-la.


Entrei rapidamente na salinha e agarrei numa caixa de madeira vazia.


- Isto serve? – Perguntei, mostrando-lhe a caixa.


- Perfeitamente. – Ele sorriu e encostou-a à porta. – Pronto. Passa-me os pinos, por favor.


Estávamos os dois mesmo a acabar de arrumar quando ouvimos um estalo.


- O que foi isto? – Perguntei.


Não tive tempo de saber a resposta, porque a porta fechou-se com uma rapidez incrível, partindo um pouco da caixa de madeira e trancando-nos a nós naquela arrecadação pequena e pouco iluminada.


O Louis abriu a luz rapidamente; parecia mesmo irritado.


-- (Ana) --


Já estava desequipada, com o duche tomado e a farda vestida, e ainda nem sinal da Inês. Visto que ela ainda iria demorar um pouco decidi ir despachar-me e fui até ao meu cacifo buscar os livros das aulas seguintes. Peguei nos livros, olhei em volta e ainda sem avistar a Inês. Comecei a ficar preocupada, mas o pouco que já conhecia dela provavelmente estava a pastelar de baixo do duche. Decidi então voltar aos balneários, mas ela não lá estava. ‘Estranho’ – Pensei. Ia a sair do pavilhão desportivo quando ouço o meu nome.


- Ana! – Chamou-me uma voz familiar. Voltei-me para o sítio de onde vinha o som e pude notar que era o Josh. Parecia exausto. 


- Josh. Está tudo bem? 


- Sim está. Mas diz-me só que viste o Louis? Já percorri a escola toda há procura dele e não o encontro. 


- A sério? Que estranho. É que se está a passar exactamente o mesmo comigo em relação há Inês.  


- Wuou, jura?! – Ele estava tão espantado com aquela situação quanto eu.


- Sim. Eu combinei com ela nos balneários, mas ela nunca mais apareceu. E no Pavilhão também já não está.


- Pois. Foi como eu e o Louis. 


- E agora? Espero que não lhes tenha acontecido nada. – Disse receosa.


- Eles estão bem. Tenho a certeza. – Tranquilizou o Josh, dando um sorriso sincero, que me deixou mais descansada. – Vamos procura-los. – Disse, pegando-me na mão puxando-me com ele.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Capítulo 4 - Desatinos em Campo














-- (Ana) --


- Finalmente! – Exclamou a Inês, entusiasmada. – Finalmente temos aula de Educação Física! Não percebo por que só temos às terças e às quintas!


- Não percebo é como estás tão desperta à primeira hora da manhã. – Bocejei, cheia de sono. 


- Educação física é diferente. – Os seus olhos quase brilhavam, o que me dava vontade de rir.


- Tudo bem! – Sorri e apertei o meu cabelo num rabo-de-cavalo rápido; Já ambas tínhamos vestido o equipamento de educação física da escola, com o emblema de Crestwood na t-shirt branca e nos calções azuis-escuros que todos os alunos do Colégio tinham de usar.


- Foi das únicas coisas que tive saudades nas férias! Vou poder finalmente matar saudades.


Ia responder à Inês quando vimos quem tinha entrado nos balneários: a Rebecca e a Katherine.


- Vamos andando para o pavilhão… – Disse a Inês, com um tom de gozo. – … O ar acabou de ficar infectado!


Rimo-nos, guardámos as nossas coisas nos cacifos e fomos até ao pavilhão: os rapazes já estavam a correr 


- Olha o Louis! – Apontou a Inês prontamente. – Uau. Ele corre mesmo muito!


Tive de tentar não me rir.


- Alguém está caidinha… - Disse eu, num tom baixinho.


- O quê? – Perguntou ela, não ouvindo o meu comentário .


- Nada, nada! – Respondi, bem-disposta, não a deixando convencida.


- Muito bom dia meninas! – Disse o nosso professor; Ele era excelente e tentava sempre ajudar-nos mas era super exigente. – Juntem-se à minha volta por favor!


Fizemos o que ele disse e ele começou a contar-nos.


- Muito bem! Doze raparigas vão jogar futebol e as restantes vão para o campo de volley. – O professor olhou para todas nós. – Inês e Rebecca, venham para aqui e escolham as vossas equipas.


- Katherine, claro! – Escolheu prontamente a Rebecca, num tom irritante.


- Ana! – Disse imediatamente a seguir a Inês.


- Espero que saibas que eu não jogo nada de jeito. – Murmurei-lhe, depois de me juntar a ela. 


- Não te preocupes, comigo a ajudar-te ficas pro! – Ela olhou para a outra equipa, constituída pela Rebecca, pela Katherine e por outras snobs. – Vamos dar cabo delas!


Após as equipas estarem escolhidas, o professor foi buscar os coletes; Estava já a começar a stressar com a ideia de não conseguir ajudar a minha equipa a marcar quando uma bola de basketball parou aos meus pés. Baixei-me para a apanhar e quando me levantei tinha o Josh à minha frente.


- Olá. – Ele sorriu-me e eu senti-me corar ligeiramente.


- Olá. – Respondi-lhe eu; bolas ele ficava mesmo giro com aquele equipamento…! 


Ficámos a olhar um para o outro, algo atrapalhados e em silêncio.


- Obrigado por apanhares a bola. – Disse-me ele, passado um bocado.


 - Oh! – Que parva; Continuava com a bola na mão. – De nada. Toma.


Ele agarrou-a e sorriu-me .


- Futebol?


- Sim. – Fiz uma careta. – Vou tentar não tropeçar.


- Aposto que vais jogar optimamente. – Ele continuava a sorrir e quanto mais ele sorria, mais eu sentia as minhas bochechas a queimar.


- HEY, JOSH! – Ouvi a voz do Louis no campo de basketball. – ANDA LÁ, MEU!


- Tenho que ir. – Ele passou a mão pelo cabelo. – Boa sorte.


- Pois. Para ti também.


Ele piscou-me o olho e voltou para o seu jogo.


- Com que então… tu e o Josh – Olhei para Inês, que me olhava com malícia.


-- (Inês) --


O professor apitou para nos chamar a atenção já com os coletes na mão. Começou a distribui-los pela nossa equipa, colocamo-los e depois dele pôr a bola no centro, e de já se estar decidido que era a equipa adversária que iria começar, visto que tínhamos sido nós a escolher o campo, ele apitou. 


- Olha lá! Aquele ali é novo… - Comentava a Katherine, apreciando o Josh, com a Rebecca.


 Eu estava a ver que o jogo nunca mais começava, por causa daquelas duas, fui a correr, com fúria até há bola, levantei-a com o meu pé direito e mandei um chuto que foi acertar directamente na Rebecca. 


- Conversar é lá fora! – Gritei-lhes impaciente. Consegui ouvir um pequeno riso dado pela Ana.


- Qual é a tua miúda? – Veio a Rebecca, com a bola na mão, toda raivosinha na minha direcção.


- Primeiro a miúda tem nome, segundo estamos aqui para fazer futebol, se querem fofocar vieram ter ao sítio errado. 


- Tu por acaso sabes quem nós somos? – Intrometeu-se a Katherine, toda nariz empinado.


- Sim! Por acaso até sei. São alunas deste colégio, tal como eu. Estamos num pavilhão de educação-física, equipadas, ao que tudo indica que devíamos estar a jogar, agora se fazem favor… - Voltei a pegar na bola e encostei-a há barriga da Rebecca. - … Há quem queira jogar.


O professor que se tinha distraído por uns momentos com o jogo de basquete dos rapazes, voltou-se agora para nós, notando que ainda não tínhamos começado. Voltou a apitar.


- Então meninas? – Disse erguendo os braços.


- Estamos a começar. – Refilou a Rebecca toda enjoadinha. Colocou a bola no chão, esperou novamente o apito do professor, e assim que ele apitou, ela passou a bola a Katherine e começou o jogo.


Eu estava muito irritada. Eu nem acredito que tinha acabado de perder minutos preciosos da melhor disciplina do mundo, e tudo por causa daquelas duas mimadas. Comecei a correr até há bola, tirando-a dos pés da Katherine, ia a fintar a Rebecca quando esta me coloca o pé há frente. 
O professor apitou marcando falta. Rapidamente me levantei e olhei-a furiosa.


- Estamos a jogar futebol, não é rugby! - Ela revirou os olhos. Segui jogo.


Continuei a correr, passei a bola há Ana que logo se viu muito atrapalhada, e sem saber o que fazer, simplesmente mandou um chuto na bola, mandando-a para fora. Levei as mãos há cara.


- Ana… Eu estava livre! – Avisei-a.


- Eu sei desculpa, mas…


- Perdemos uma óptima oportunidade de golo por tua causa. – Interrompia, super chateada, culpando-a do insucesso da equipa.


- Inês eu sei, e eu avisei-te que não era boa nisto, desculpa ok?! – Quase me gritou. Arregalei os olhos. E logo caí em mim.


- Aichh… Desculpa Ana. Não devia ter falado assim contigo, eu levo isto demasiado a sério. Desculpa, eu sei que fizeste o que podias. Para a próxima corre melhor. – Pisquei-lhe o olho incentivando-a, voltando para o jogo.


- Pois levas, tens de ver se te acalmas. – Seguiu-me até ao nosso campo. – E agora vamos lá dar cabo delas! – Disse-me a Ana, animando-me.


A bola que a Ana tinha chutado, tinha saído pelas linhas finais, por isso era pontapé de baliza para elas. A “guarda-redes” estava a colocar a bola em campo. Vejo-a (a bola) vir na minha direcção, dominei-a com o peito, deixando-a deslizar por mim até aos pés, corri até há baliza adversária, vi uma oportunidade de golo e chutei. Chutei de tal modo que fiz intimidar a “guarda-redes” da outra equipa, uma menina género Katherine&Rebecca, acabando assim, por fazer golo. Fui a correr para a Ana que me esperava de braços abertos e felizes festejávamos, deixando as meninas da outra equipa toda amuadas. Feitos os “festejos” o professor volta a apitar e chamou-nos para junto dele. 


- Muito bem meninas, por hoje foi tudo, mas quero ver-vos com mais garra na próxima aula. Agora podem ir desequipar-se.