terça-feira, 11 de setembro de 2012

Capítulo 9 - Ficar por Perto

-- (Inês) --

Antes de voltar a entrar na enfermaria, fechei os olhos e respirei fundo; O Louis abriu a porta depois de ter batido.

- Estamos de volta! Podemos? - Perguntou ele.

- Claro! – A enfermeira olhou para uns papéis que carregava, depois de me olhar confusa, procurou pelo meu nome nos tais papéis. – Inês! Está melhorzita?

- Sim, acho que sim… - Dizia ainda nervosa.

- Já sabe o que tem a fazer… - Disse ela preparando-me para me deitar. O Louis voltou para ao pé de mim e agarrou novamente a minha mão, com firmeza. A enfermeira colocou tudo a jeito. Desta vez pedia-me para que esticasse o braço direito, visto que o esquerdo já estava com danos da anterior, da tentativa falhada. A enfermeira pediu-me para que respirasse fundo e assim que o fiz, já estava a sentir a agulha a perfurar-me o braço.

- Inês! – Alertou-me o Louis apercebendo-se o que estava prestes a voltar a acontecer. – Eu sei que consegues. – Encorajou-me com uma voz muito doce e suave, ainda assim não estava a resultar. 


 

“If I don't say this now I will surely break
As I'm leaving the one I want to take
Forgive the urgency but hurry up and wait
My heart has started to separate

Oh, oh, oh
Oh, oh, oh
Be my baby
Oh, oh, oh

Oh, oh, oh
Oh, oh, oh
Be my baby
I'll look after you”

Trauteava o Louis, quase sussurrando. Lentamente comecei a abrir os olhos e a ganhar cor. Sorri-lhe.

- Prontinha… Vês, não custou nada. – Riu-se a enfermeira, bem-disposta.

- Estou orgulhoso de ti, miúda. – O Louis piscou-me o olho e eu sorri.

- Obrigada, Lou.

- De nada, Inês.

A enfermeira sorriu amigavelmente.

- Parece que é uma sortuda por ter um namorado como este.

- Ele não é meu… - Tentei protestar, mas o Louis encolheu os ombros.

- É uma sortuda, sim. Bem, parece que é a minha vez!

Fiquei abismada a olhar para o Louis e senti que estava a corar intensamente. Mesmo assim, levantei-me devagar e fui até a porta, à espera que a enfermeira acabasse de lhe tirar sangue.

- E já está. Já estão despachados.

- Obrigado pela atenção. – Disse o Louis, já levantado. – Tenha um resto de um bom dia.

- Adeus. – Despedi-me eu.

- Um bom dia para vocês, meninos. – Despediu-se a simpática enfermeira.

Eu e o Lou saímos da enfermaria e atravessámos alguns corredores em silêncio.

- Olha… Inês?

Olhei para ele; Ele parecia nervoso e estava a remexer no cabelo.

- Acerca do que a enfermeira disse… sabes… sobre nós… - Ele parecia mesmo envergonhado. – Quer dizer, espero que não tenhas levado a mal, só achei que não valia a pena contradizê-la, sabes? Era só mesmo…

Tive vontade de me rir mas contive-me.

- Não te preocupes, Lou. – Sorri-lhe com doçura. – Não me importei nada.

Ele pareceu ficar ainda mais atrapalhado, mas não disse mais nada.

- Inês! Louis!

Olhámos para trás e vimos que o Josh e a Ana vinham na nossa direcção, animados.

- Hey, Annie! – Cumprimentou o Louis. – Hey, Josh!

- Então?! – Perguntei à Ana. – Como foi a audição?

Ela sorriu-me, feliz.

- Acho que correu bem.

Vi que o Josh revirou os olhos e sorriu.

- Ela está doida. Ela foi perfeita. Amanhã saem os resultados e tenho a certeza que ela vai ser o primeiro nome da lista.

- A sério? – O Louis despenteou a Ana. – Que orgulho!

- O Josh também foi espectacular. – Ela sorriu para ele. – Quer dizer, fiquei completamente arrepiada com a audição dele.

Eu estava a topar aquele clima e sorri maquiavelicamente.

- Muito bem, muito bem… algo me diz que o Romeu e a Julieta da escola foram descobertos!

O Louis teve de conter um sorriso enquanto o Josh ficava tímido e a Ana tentava mudar de assunto.

- E vocês? Não começaram hoje as provas?

- Hoje fomos apenas tirar sangue. Para ver se está tudo OK connosco. – Expliquei eu.

A Ana riu-se.

- O Louis nunca gostou de agulhas, pois não, Louis?

Olhei admirada para ele. Não podia ser… ele não se tinha queixado uma única vez hoje…

- Que exagero… - Comentou ele.

- A sério? – Perguntou o Josh à Ana, divertido.

- Sim. – Respondeu-lhe ela, com um sorriso maroto. – Quando era mais novo ficava super pálido e a enfermeira dava-lhe sempre açúcar porque tinha medo que ele desmaiasse. Era mesmo frágil!

- Nunca imaginei que fosses dos sensíveis, Tomlinson. – Brincou o Josh, divertido; a Ana riu-se e eu fiquei algo atrapalhada.

Foi aí que a resposta do Louis nos surpreendeu aos três.

- Não brinquem com esse tipo de coisas. Há gente sensível, sim, e qual é o problema? A Inês perdeu os sentidos hoje. Deviam ter visto a cara dela. Por isso parem com essas piadas que não têm piada nenhuma.

Ficámos os três boquiabertos. O Louis que era sempre tao alegre e descontraído estava irritado. Mesmo irritado…

 -- (Ana) --

Senti a garganta a secar e os olhos a ficar ligeiramente húmidos. Talvez estivesse a ser ridícula mas… o Louis nunca tinha gritado comigo. Nunca…

- Inês… - Olhei para ela, a sentir-me culpada. – Desculpa… eu não sabia, e era só uma brincadeira, a sério.

- Oh, não te preocupes, eu sei! – Respondeu-me a Inês, parecendo meio desnorteada. – Não podias saber que tinha problemas com isso.

- Desculpa… - Não aguentei e deixei escapar um soluço; Devia parecer uma idiota. – Peço desculpa…

Virei-me e fui-me embora dali num passo algo apressado; Acabei por me sentar numa das muitas escadas secundárias da escola. Ouvir o meu melhor amigo a gritar comigo e ter noção de que tinha gozado com um problema sério de uma das minhas únicas amigas fazia-me sentir uma estúpida e estava furiosa comigo mesma. Só queria poder voltar atrás no tempo e…

- Aqui estás tu!

Olhei para trás e vi que em pé estava o Josh, com uma ar ansioso.

- Procurei-te por toda a parte. És mais rápida do que pareces…

Desviei a cara e tentei limpar os meus olhos húmidos.

- Por que me seguiste?

- Não é óbvio? – Ele sentou-se ao meu lado. – Estava preocupado contigo…

- Oh, esquece, não tem importância. – Revirei os olhos. – Sou só eu que sou uma… uma parva, uma…

- Ana…

Olhei para o Josh, que me olhava de volta, sério.

- Toda a gente erra. Estavas só a brincar. Eu também estava a brincar com a situação, lembras-te?

Suspirei, frustrada.

- Mas devia saber que era estúpido brincar com este tipo de coisa… conheci a Inês há pouco tempo mas já gosto bastante dela e ela agora deve achar que sou uma snobe qualquer, como o resto dos alunos deste Colégio. O Louis tinha razão… e vê-lo zangado comigo… Foi mesmo mau…

- A Inês não ficou zangada. Aliás, ela estava tão ou mais preocupada do que eu quando te foste embora. E quanto ao Louis… - O Josh sorriu-me. – Ele ficou cheio de remorsos. Percebi pelos olhos dele.

- Não digas coisas dessas só para me fazeres sentir melhor. – Sussurrei eu, olhando para os meus pés.

Foi aí que ele me levantou gentilmente o queixo e me olhou nos olhos.

- Não estou a mentir. – Sussurrou-me de volta. – Não te mentiria. Nunca…

O meu coração começou a bater assustadoramente depressa. O seu olhar prendia-me e não sabia o que lhe dizer. Ele começou a aproximar-se de mim e a minha pulsação batia irregular e acelerada. Estávamos apenas a alguns centímetros de distância um do outro quando ouvi o meu nome.

- Ana!

Olhei para quem me chamava e vi o Louis a andar na minha direcção. Um pouco mais atrás, de mão dada com ele, estava a Inês, que me fitava aliviada.

- Encontrámos-te finalmente! – Disse ela, saltando para ao pé de mim; Eu levantei-me e ela deu-me um grande abraço. – Estava super preocupada contigo!

- Desculpa, Inês. – Retribui o abraço com força. – Espero que me perdoes por dizer aquelas coisas parvas…

- Não sejas tonta. – Ela riu-se e sorriu-me amigavelmente. – Estavas só a brincar. Eu também brincaria com uma situação assim. Não te preocupes.

- Obrigada. – Sorrimos as duas; Olhei para o Louis, que me olhava, desconfortável

- Annie… desculpa…

Avancei uns passos e dei também um abraço ao meu melhor amigo.

- Não tens de pedir desculpa. Estavas só a defender a Inês. – Sorri-lhe. – Espero que percebas que foi só uma piada.

- Sim, claro que percebo. Eu exagerei porque a tarde foi stressante… desculpa.

- Não faz mal.

Ele despenteou-me, como já era tradição, e eu fiz-lhe uma careta.

- Parece-me que é hora de recolher ao quarto. – A Inês piscou-me o olho. – Temos muito que falar, minha menina.

- Pois… bem parece que temos. – Surpreendi-a com um sorriso maléfico e fiquei satisfeita por ela parecer assustada; queria saber todos os pormenores da sua tarde com o Louis.

- Então… vemo-nos depois, meninas. – Despediu-se o Louis, sorrindo-nos.

- Adeus Lou, adeus Josh. – Despediu-se a Inês, sorridente.

Antes de me ir embora olhei para o Josh, agradecendo silenciosamente o seu apoio. Ele fitou-me de volta e sorriu-me de forma meiga mas envergonhada, o que fez o meu coração dar um pulo.

- Tens muito que me explicar, menina Ana! – Exclamou a Inês, enquanto íamos para o quarto.
Ia ser uma longa tarde…

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